Conversão do real em dólar.
Conversão de dólar em real. Conversão de cristão em budista.
Conversão de budista em cristão. Conversão de corrente elétrica
de pequena voltagem em outra de maior voltagem e assim, as conversões
se sucedem indefinidamente…
Detenhamo-nos
aqui, não apenas na conversão-troca ou naquela palavra
aparentemente austera e para muitos anacrônica, compatível, talvez,
somente, com os eremitas, monges e com aqueles grandes e históricos
convertidos: Paulo, Agostinho, Madalena e muitos outros.
Queremos
enfatizar a conversão-dom de Deus e
privilégio do homem, cuja vida é um permanente buscar.
Buscar
o quê? A sua identificação com o Criador, o que significa a
tentativa de perfeição, atendendo as palavras do Mestre: “Sede
perfeito assim como vosso Pai Celeste é perfeito”.
Conversão
é entrar em si mesmo e nessa intimidade deparar-se e
conscientizar-se das suas faltas e encorajar-se a agir para
diminuí-las ou eliminá-las.
Dois
requisitos são indispensáveis à conversão: a
humildade que
reconhece a decadência e o arrependimento
que perturba, inquieta, entristece e sofre a dor da queda,
impulsionando à reparação.
A
trilogia oração – penitência – partilha,
inteligente e gradativamente sequenciada, constitui um forte e
decisivo instrumento à conversão.
A
oração esclarece a
inteligência e fortalece a vontade, proporcionando domínio pessoal
que leva à penitência,
através do jejum alimentar, do jejum do conforto, dos prazeres, da
honra, do poder e, sobretudo, do jejum da língua, dos olhos e do
pensamento.
E
toda essa renúncia será
reunida e direcionada em favor do outro, pela partilha
generosa e consciente.
Conversão,
não é, portanto, um caminho
de mão única.
É
o nosso ir e o vir do irmão, visando aquele encontro fraterno, tão
agradável ao Pai. “É
fazer-se um”.
Não somente os pecadores e criminosos
públicos são passíveis de conversão.
Todos nós temos muito a converter, de
modo especial, a injustiça em justiça do doar-se material e
espiritualmente ao semelhante.
A conversão é um processo e
por isso é uma ação contínua e segue paralela à nossa vida
inteira. Jamais alcançaremos a plenitude de nossa conversão!..
Convençamo-nos de que conversão é
libertação e realização humana.
Que as pessoas, governantes, povos e
nações assumam a vocação para qual foram criados, que é um
converter livre e contínuo e a isso, poderemos chamar uma autêntica
conversão da terra em céu.
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Odete Souza (Foto: Chiapettas/Divulgação) |
Odete
Melo de Souza era professora e cronista. Morreu em 2015, aos 92 anos.
Este texto havia sido publicado na revista Caruaru Hoje (edição de
abril e maio de 2003).
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