Gostaria de conduzi-los (as) a algumas reflexões. Vocês não
precisam concordar comigo, mas peço que ponderem a respeito das colocações aqui
expressas, possivelmente diferentes do habitual. Todos nós desejamos a
normalidade, isto é fato, e é bem verdade que todos desejamos que voltemos a
nos reunir no mesmo espaço geográfico para juntos adorarmos ao Senhor Jesus.
Sabemos que o serviço religioso é fundamental para sociedade, especialmente em
tempos de crise como estes, pois é, de fato, um serviço essencial. Sabemos
também que a propagação do evangelho é mais importante do que qualquer ação
existente nesta terra. A expansão do evangelho diz respeito ao destino da
humanidade, onde homens e mulheres irão passar a eternidade.
Percebemos um grande anseio para a retomada das reuniões
nos templos e eu, particularmente, tenho contado os dias e não vejo a hora de
regressar às atividades. É prazeroso viver a koinonia (comunhão) proposta pelo
próprio Deus, além do que é do agrado d’Ele que nos reunamos no mesmo espaço geográfico
e no mesmo Espírito para o adorarmos. Porém, preciso apenas lembrá-los que a
propagação do evangelho e a comunhão não se limitam aos templos abertos ou
fechados. O evangelho é maior do que os templos. Estamos aprendendo a viver o
evangelho de casa em casa, estamos aprendendo a valorizar mais as vidas e menos
as coisas. Seria bom, que aprendêssemos de outra forma, sem a pandemia. Mas,
mesmo com tudo que está acontecendo, sabemos que Deus não perdeu o controle e
nem nunca perderá.
O
DIABO ESTÁ VIVO E ATUANTE NO PLANETA TERRA
Estamos vivenciando uma fase muito conturbada em todos os
aspectos: espiritual, na saúde, físico e emocional, político, financeiro, etc.
É perceptível que diante da real situação muitos estão tentando tirar proveito.
Notamos claramente as investidas do diabo (opositor), no nosso meio. Sabemos
que ele sempre tentará atacar aquilo que pertence a Deus (seu povo, sua
Igreja). O diabo sempre se opôs as coisas de Deus, ele sempre irá tentar
conduzir muitos para o seu sistema maligno, diabólico, infernal; não é de hoje
que ele faz isso. O diabo derrubou seres incorruptíveis antes da fundação do
mundo, fez cair o primeiro casal que não havia ingerido o pecado, e tentou o
próprio Cristo. Ele não descansa, e nem descansará. Ao longo da história ele
sempre se levantou contra o povo de Deus (sua igreja), sempre tentou impedir o
progresso do Evangelho, sempre guerreou contra o povo de Deus: os cristãos. O
diabo sempre usou sua maldade para oprimir, dispersar, ridicularizar, humilhar,
encarcerar, torturar, triturar, queimar, afogar, esquartejar, decapitar,
apedrejar, crucificar, jogar aos animais para que fossem devorados, e enforcar
os cristãos. Não devemos nos impressionar, porque ele continua fazendo o mesmo.
Olhamos para todos os lados: direita, esquerda, e percebemos a grande
influência diabólica em todas as partes. Nos cabe agora olhar para cima, para
os montes de onde virá o nosso socorro que vem do Senhor que fez os céus e a
terra. Não nos esqueçamos, a guerra é espiritual, porém, Jesus já a venceu por
nós.
Preciso lhe dizer que o diabo não é um deus caído, ele é um
anjo caído, ele não é o criador, ele é criatura, ele tem poder, mas não tem
todo o poder. O diabo é limitado, como disse Lutero: “ele é um cachorro na
coleira de Deus”. Só vai até onde lhe é permitido ir. Deus já o venceu, e
sempre estará atrás do Criador. Ele não é páreo para Deus, pois não há ninguém
páreo para Ele.
A igreja brasileira não foi preparada para passar por
dificuldades, pois, além da liberdade que desfrutamos em nosso país por muitos
anos, a teologia que predominou em nossas igrejas foi uma teologia
triunfalista, de prosperidade, que declara que o melhor da terra é nosso, que
não passaremos por dificuldades, que a doença é do diabo, a pobreza é sinônima
de uma vida tocada pelo devorador, e, com base nesta visão, é como se Deus
estivesse ao nosso serviço. De fato, muitos estão frustrados com tudo que está
acontecendo, é difícil crer que Deus continua no controle uma vez que nutríamos
nosso relacionamento com Ele baseado em uma teologia tão frágil e antibíblica.
Jesus nunca falou que estaríamos imunes às labutas da vida. Ele até nos orienta
e nos adverte a ficarmos firmes para os dias maus.
Olhando para a vida dos apóstolos, me parece que eles
terminaram suas vidas bem diferentes da teologia proposta pelas igrejas de
hoje. Quero agora alertá-los para a nova roupagem da teologia contemporânea,
teologia do pregador Coaching. Mais uma vez o homem é colocado no centro e Deus
a serviço dele, em que se cria um deus que deseja potencializar o que os homens
e mulheres tem de melhor, claro que para o sucesso dos homens e não para glória
de Deus. Este “novo evangelho” coloca o pecado e a santidade como coisas do
passado, chegam até a dizer que; “somos tão parecidos com Jesus que não nos
sentimos inferiores a Ele”. É vendida a nós uma espécie de graça barata, na
qual o temor e tremor não fazem parte de tal teologia. Preciso lembrá-los que
para assistir uma “pregação” não bíblica como esta, é muito caro e não é de
graça, mesmo que esta graça, que se é pregada, seja uma graça barata. Eles têm
arrastado multidões. Milhares e milhares de pessoas que são guiadas pelo “deus”
que elas mesmas querem, que elas mesmas estão criando. O que está sendo posto é
o mais cômodo, o mais proveitoso, o que afaga meu ego, o que me proporciona
lucro e que potencializa o que “já tenho de melhor” (como se fôssemos muito
bons diante de Deus).
É por esta ausência de maturidade, de uma teologia saudável
e de intimidade com Deus que nossas igrejas precisam culpar alguém diante de
tudo que está acontecendo. Colocamos a culpa no diabo, no sistema, na política,
na ciência e até mesmo em Deus. Estes e outros fatores não nos ajudam a termos
uma relação íntima e verdadeira com Deus. Nos ilude e nos apresenta um falso
deus, um falso evangelho, um falso cristianismo e uma falsa igreja. É por esses
e outros fatores que nossas igrejas não sabem enfrentar as dificuldades e
passar por elas. Deus continua sendo soberano e realizando a vontade d’Ele aqui
na terra. Deus faz tudo para glória d’Ele e nós não precisamos e nem vamos
entender, mas, devemos glorificá-lo e crer que Ele continua governando.
A
IGREJA DE CRISTO É INDESTRUTÍVEL
Precisamos nos lembrar que a igreja pertence a Deus, Ele a
ama e deu sua vida por ela com o propósito de uni-la em um só corpo. Nada e
ninguém é capaz de deter a igreja de Jesus Cristo. Ela é uma obra divina,
regida e governada pelo próprio Deus. Sistema, diabo, governo, política,
dinheiro, saúde, guerras, perseguição, nada irá deter a igreja de Jesus Cristo.
Deus a comprou, Deus a resgatou, Deus a ama, Deus tem zelo por ela, Deus a
protege, Deus voltará para buscá-la para que ela viva eternamente com Ele. A
igreja foi edificada sobre a rocha chamada Jesus Cristo. O próprio Jesus afirma
que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. A igreja não é tão
fraca como pensamos, ela é mais forte que a morte, está edificada em Cristo e é
indestrutível.
Lembremo-nos que mesmo o povo de Deus passando por tudo o
que já passou, Deus nunca perdeu o governo, pelo contrário, sempre foi com a
Sua condução e permissão. Nada foge ao seu controle, tudo que nos acontece está
submisso ao projeto sublime de Deus. Boa parte destes planos são
incompreensíveis para nós que somos limitados. O que nós precisamos saber é que
ao longo da história, cada vez que o diabo e seu sistema atacaram o povo de
Deus, nós crescemos e ficamos mais fortes. Paulo declara que absolutamente tudo
que aconteceu com sua vida, as coisas boas e ruins, contribuíram para o
progresso do reino de Deus. É claro que ao longo da história tivemos muitas
perdas e muitas lágrimas foram derramadas, contudo, sempre houve um avanço
exponencial do povo de Deus. Não seremos destruídos, Ele está conduzindo sua
igreja, nossas vidas e famílias conforme a vontade d’Ele.
SUBMETER-SE
AO AGIR DE DEUS NEM SEMPRE É FÁCIL
Como todos sabem, Deus tem planos superiores aos nossos e
boa parte deles quando vivenciados são incompreensíveis. Porém, ao olharmos
para trás é que percebemos que Ele sempre governou e governará toda a história
da nossa vida. Lembro-me de José do Egito quando declara aos seus irmãos em
Gênesis 50.20: “Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem,
para que hoje fosse preservada a vida de muitos”. José sabia que o Deus dos
seus pais havia conduzido sua vida às vezes por caminhos espinhosos, e outras
vezes por caminhos floridos. José não acreditava em acaso, ele sabia que tudo
fazia parte de um plano maior.
Claro que Deus não nos arrancou a capacidade de escolher, o
homem é racional e pode optar pelo bem ou pelo mal conforme Deuteronômio 30. O
que estou afirmando aqui é que, a escolha do homem não interfere no governo
soberano de Deus. Nada frustrará os seus planos, Deus nunca será pego de calças
curtas. Paulo diz em Efésios 1.4 que “antes da fundação do mundo Deus já havia
preparado o plano da salvação”. Em Gênesis percebemos que ambos homem e mulher
foram expulsos do jardim do Éden devido ao pecado, porém, o próprio Deus no
capítulo 3 e no verso 15 deixa claro que Ele já havia solucionado o problema do
pecado, que “do ventre da mulher viria um que esmagaria a cabeça da serpente”.
Deus Já havia predito a vinda do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Deus
sabe de todas as coisas, e não apenas sabe, mas governa e dirige com planos de
paz (Jr 29.11). Absolutamente nada foge ao seu controle.
Você já se perguntou aonde eu quero chegar? Muitas das
coisas que aconteceram ao longo de toda Bíblia com o povo de Deus não foram
apenas pela vontade permissiva de Deus, e sim pela sua vontade direta, sua
condução. Deus sempre conduziu seu povo por caminhos incompreensíveis aos
homens. Ele fez seu povo passar pelo deserto e muitos ficaram lá, e acabaram
perecendo (morreram). Será que Deus não os amava? Claro que sim, Ele é amor.
Quantas e quantas vezes Ele mesmo levantou nações para batalhar contra seu
povo, mesmo sabendo que eles não iriam vencer a batalha. Deus não os amava?
Claro que sim, Ele é amor. Na verdade precisamos lembrar que todas as vezes que
seu povo estava se desviando, se prostituindo, idolatrando, esquecendo-se do
seu Criador, Deus os advertiu e os corrigiu, assim como um pai corrige o filho
que ama. Deus continua conduzindo seu povo e fazendo tudo isso para que eles se
voltem para Ele, se arrependa, se humilhe, se coloque no seu devido lugar. O
que está em jogo é sua glória, e tudo que Deus faz é para que Ele seja
glorificado. Quando tudo isso passar vamos glorificá-lo, exaltá-lo e reconhecer
que nada foge ao seu controle.
O diabo está vivo e atuante sim, porém ele não pode
ultrapassar os limites que foram impostos a ele. A igreja de Jesus Cristo tem
um dono e ela é indestrutível, nada vai nos destruir. Deus é quem guia sua
igreja, seu povo. Todas as decisões políticas e de qualquer área não vão
frustrar os planos de Deus. Os planos humanos são inferiores aos de Deus.
Precisamos crer nisso. Então nos cabe olhar para nós mesmos e descobrirmos o
que Deus quer nos ensinar com tudo isso. Uma vez que Ele é quem governa e
dirige, nada foge ao seu controle.
OS
TEMPLOS ABRIRAM, VOLTAMOS A FUNCIONAR
Vejo que a questão não é se vamos abrir ou não os templos,
e sim o porquê de Deus ter permitido tudo isso, incluindo o fechamento dos
templos. O que Ele deseja nos ensinar? Que vamos voltar a funcionar é bem
provável que sim, mas, como voltaremos a funcionar? Ainda seremos os mesmos?
Será que tem algo que estávamos fazendo que não lhe agrada? Será que temos
pecado contra Ele e Ele deseja nos corrigir? Até quando vamos carnalizar e
politizar as coisas que podem e que tem cunho espiritual? A questão de Deus é
conosco, com seu povo, com você, com sua família, com sua igreja, com nossa
convenção e nossa denominação.
EU
Será que serei mais parecido com Jesus? Será que viverei
uma vida de constante oração? Será que lerei a bíblia todos os dias? Será que
viverei uma vida piedosa? Será que buscarei o reino de Deus e sua justiça
prioritariamente? Será que amarei a Deus de todo o meu coração? Será que amarei
o próximo como a mim mesmo? Será que serei o menor? Será que estarei sempre
disposto a servir ao próximo? Será que serei fiel a Deus, a sua palavra, a
minha família e a minha igreja local? Será que vou continuar sendo soberbo,
prepotente, altivo e insuportável? ...
MINISTROS
Será que serei mais parecido com Jesus Cristo? Será que
permitirei o espírito de Deus conduzir minha vida, família e ministério? Será
que terei uma vida mais santa e íntegra? Será que cuidarei mais da minha
família? Será que cuidarei da igreja tendo ciência que a mesma não me pertence?
Será que pastorearei as ovelhas para Ele e não para mim? Será que usarei o
púlpito apenas para pregar a palavra? Será que pregarei aquilo que agrada a
Deus e nãos aos ouvintes? Será que alimentarei as ovelhas de pastos verdes (Sua
palavra, a Bíblia), ou de palha seca? Será que me prepararei antecipadamente
para pregar? Será que as mensagens pregadas por mim serão vividas e não apenas
anunciadas? Será que lerei mais? Será que estudarei mais? Será que serei mais
dependente de Deus e menos de mim mesmo? Será que serei mais humilde?
OVELHAS
Será que serei mais parecida com Jesus Cristo? Será que
serei mais submissa? Será que ouvirei mais a voz do supremo pastor? Será que não
fugirei para pastos estragados? Será que serei mais mansa? Será que serei mais
obediente? Será que serei uma ovelha de verdade?
IGREJAS
Será que seremos mais parecidos com Jesus Cristo? Será que
nos guardaremos e estaremos prontos para a volta de Cristo? Será que vamos
continuar praticando os mesmos pecados? Será que vamos continuar na mesma
frieza espiritual? Será que seremos mais fiéis a Deus, a sua palavra? Será que
vamos continuar lendo a bíblia só nos dias de culto? Será que vamos manter uma
vida de oração? Será que vamos viver um cristianismo que olha para o próximo?
Será que viveremos uma vida mais piedosa? Será que continuaremos com a mesma
máscara, sendo uma pessoa no ajuntamento e outra em casa? Será que ainda
continuarei fazendo grupos de discórdias na igreja? Será que continuarei
humilhando os que julgamos serem pequenos? Será que vamos continuar colocando
Deus a serviço dos nossos caprichos? Será que vamos continuar buscando apenas
prosperidade financeira, bens, curas, e milagres? Será que vamos continuar indo
para nossas reuniões com pesar e insatisfação? Será que se o culto demorar um
pouco mais vamos nos irritar? Será que vamos continuar permitindo que o mundo
entre na igreja? Será que ainda iremos querer que as músicas e as pregações sejam
do nosso agrado e não o de Deus? Será que vamos cuidar do nosso pastor e de
todos os ministros? Será que vamos nos submeter a nossa liderança? Será que nos
submeteremos a palavra? Será que nos submeteremos ao nosso pastor? Será que
vamos ser mais relevantes? Será que iremos sair das quatro paredes?
DENOMINAÇÕES
Será que seremos mais parecidos com Jesus Cristo? Será que
vamos continuar com a politicagem denominacional? Será que nossa democracia
será Teocêntrica? Será que continuaremos com as cartas marcadas nas escolhas
dos cargos? Será que seremos mais transparentes? Será que voltaremos aos
princípios bíblicos?
INSTITUIÇÕES
Será que seremos mais parecidos com Jesus Cristo? Será que
os missionários, ministros da ponta da lança, continuarão a ganhar menos que o
necessário para garantir o sustento da sua família? Será que vamos continuar
com o mesmo marketing, e apresentando números incertos? Será que seremos mais
espirituais e menos técnicos? Será que nos importaremos menos com os números e
mais com as vidas?

Wenbley Farias é pastor da
Igreja Batista da Comunhão, Maceió – AL
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