Em tempos de contágio do novo
coronavírus, há outro sentimento sendo disseminado em meio à população: a
solidariedade. A corrente do bem se espalha e as mãos que ajudam também são
ajudadas pelas que recebem. Além da higienização do corpo, que é um dos protocolos
das medidas sanitárias contra o covid-19, fazer o bem ao próximo ‘limpa a alma’
daqueles que percebem a condição humana de todos.
A pesquisa ‘Tracking the
Coronavírus’, realizada pela Ipsos entre 26 e 28 de março, mostrou que o Brasil
está no topo do ranking dos países quanto à preocupação com as pessoas mais
vulneráveis. 70% dos entrevistados no Brasil afirmaram temer pelos mais
debilitados.
Neste percentual, estão as
missionárias Sabrina Carvalho e Sara Galdino, que moram em Caruaru, no Agreste pernambucano.
Em meandros de março, elas iniciaram uma ação que, a princípio, parecia pontual
e singela. “Quando as autoridades em saúde começaram a intensificar a
necessidade de constante higienização das mãos, ficamos preocupadas com a
população em situação de rua, que, por vários motivos, muitas vezes é privada
do acesso a água e sabão para se higienizar”, lembra Sabrina. Diante desta
inquietude, elas tomaram uma simples atitude: com R$ 50, adquiriram um pouco de
água e sabão e se dispuseram a oferecer àqueles que não têm casa. “Foi neste
primeiro momento que percebemos um desafio ainda maior: a fome. Não tínhamos
recursos, mas sempre tivemos um coração disposto a servir”, conta Sara.
Através de um card divulgado
nas redes sociais, as missionárias apontavam para o cerne do projeto:
‘Ajude-nos a ajudar’. O cuidado para com os que mais necessitam também
transpareceu para aqueles que se dispunham a ajudar. Quem se quiser entregar
algum item de higiene ou gênero alimentício não precisa sair de casa: a equipe de
voluntários vai até a casa para receber o material. Aos poucos, os contatos
eram feitos e várias pessoas começaram a participar.
O número de pessoas dispostas
a se engajar de cabeça no projeto também foi aumentando. Atualmente, há 20
voluntários que, de segunda a sexta-feira, coletam e distribuem os itens. Além
dos cidadãos, algumas empresas também se integraram à proposta, mesmo com o
período de recessão econômica. Pessoas de diversas religiões e até de outros
estados também cooperam com esta obra.
Um dos voluntários conta que,
logo assim que conheceu a ideia, sentiu-se motivado a participar. “Vemos que a
provisão do Senhor Deus tem sido diária para este projeto, e muitas vidas são
abençoadas. O trabalho é feito sem apresentar placa denominação nem orientação
política, apenas com amor e serviço”, ressalta.
À medida que a quantidade de
ajudadores foi se elevando, a quantidade de ajudados também. Agora, além da
população em situação de rua, as pessoas que moram nas periferias são
auxiliadas com materiais. Com uma economia marcada pela informalidade, a falta
de suprimentos tem sido um dos ‘efeitos colaterais’ das necessárias medidas de
isolamento social adotadas pelo poder público, ampliando a fome e as carências
de uma parcela significativa da população.
“Pude perceber que nos
momentos de dificuldade, o povo se solidariza com os mais carentes. As doações
chegam, mesmo no momento complicado. Com esse projeto, brota em mim a
esperança em dias melhores, pois acredito que depois que tudo isso passar,
teremos muitos ensinamentos”, comenta um dos voluntários, Oscar Mariano.
Em menos de um mês de
atividades, o grupo comemora os números, atribuindo tal resultado a um ‘mover
de Deus no coração das pessoas’. Até agora, foram entregues 1.569 refeições;
334 cestas básicas; 1.354 garrafas de água mineral; 150 litros de suco; 180 kits
de higiene, oito garrafões de água e um fogão. Os números tendem a crescer e o
trabalho tende a ser expandido, inclusive após o momento de pandemia.
Quem desejar colaborar, poderá
entrar em contato através dos seguintes números de telefone (todos com código
DDD 81): Sabrina, 99301.7340; Sara, 99924.6841; Jorge, 99841.0453; Oscar,
99808.8798.
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