Aconselho a que ninguém tome esse lugar.
Na minha infância aprendi no ambiente religioso que pastor era um tipo de "entidade divina" com acessos privilegiados ao Trono de Deus.
Que discordar do pastor seria duvidar do próprio Deus e isso simplesmente revela a incredulidade de quem perde a possibilidade de salvação.
Que pastor congrega em si profeta, mestre, santo, sacerdote conhecimento celestial e poder espiritual acima de todos.
Que é papel da igreja "defender" o evangelho e para isso é preciso que o pastor se associe aos poderes políticos e também se oponha às outras expressões religiosas, mesmo cristãs. Os evangelistas eram conhecidos como "quebra-santo".
Que a igreja não pode admitir discordâncias de suas doutrinas.
Jamais alguém deve ousar usar de sua capacidade intelectual de forma autônoma, fora do esquema adotado por ela.
Quem quiser ser reconhecido deve se restringir a repetir sempre as mesmas coisas sem reflexão. Ser inteligente nesse ambiente se reduz exclusivamente a usar "Ctrl C" e "Ctrl V" doutrinário.
Um pastor me aconselhou:
O clero sabia que eu tinha um chamado, mas deveria mudar meu espírito porque não era o mesmo do presidente da igreja, ao que atrevida e ironicamente perguntei:
"mas ele não tem mais o Espírito de Cristo? Porque eu sei qual Espírito habita em mim".
Ele sorriu sem graça.
Com isso, vinham as acusações do clero e dos aspirantes ao comando eclesiástico, de que eu era arrogante e a única coisa que queria era o poder, por isso me comportava diferente deles. Acho que esses, no fundo, queriam ser de outro modo, mas internamente lidavam com muitos conflitos.
Mas graças a Deus convivi com um homem que despretensiosamente pregava o evangelho e pastoreava por vocação, mesmo sem ter o cargo. Por onde ia levava Jesus.
Sem cobiça vivia pelo que acreditava: servir a Deus de verdade é servir o povo e realizar obras para o povo, que é onde Deus está sempre agindo. Que sensibilidade espiritual é medida pelo valor que se dá a uma vida.
Com ele, meu pai, aprendi na prática que alguns acham que podem ser "profetas" e sacerdotes e usam dessa função como forma de poder, para controle e para a fama, mas que o Espírito de Deus está agindo lá onde esses não estão e, se alguém quiser experimentar a ação do Espírito, precisa descer a escadaria da vaidade e abandonar a cadeira luciferiana do poder.
Assisti o filme "Dois Papas", não é spoiler porque está no trailer. Bento XVI diz para o Bergoglio:
"a maneira como você vive é uma crítica. Seu sapato é uma crítica".
Nessa hora, soltei uma gargalhada e meu coração se enterneceu pela lembrança:
meu pai em vez de estar na roda do clero, tomando chimarrão no estacionamento do "Templo Central", estava na periferia visitando enfermos.
Também me lembrei do comportamento acusatório do clero contra quem, como eu, tem a vocação, mas pensa diferente do status quo.
Aquela cadeira pastoral que aprendi na tradição da igreja está vazia, abandonei há muitos anos.
Prefiro ficar sem essa cadeira, às vezes até sem "lugar". Prefiro me "sentar no chão" e por vezes ouvir uma exclamação assustada: "você é pastor?".
Podem até dizer que é inocência ou idiotice, mas para infortúnio desses que pensam assim, eu acredito no que vi na vida de um homem simples, mais do que na prática da tradição denominacional.
O que vi na vida de meu pai produziu bons frutos que podem ser encontrados até hoje, por outro lado não é o que tenho visto nas estruturas eclesiásticas perversas que se arrastam pelo tempo.
Amo a igreja e sei da sua real necessidade na sociedade.
Trabalho para que por meio dela se manifeste a luz do Reino de Deus, mas reconheço que há muito desvio e peço a Deus que me ajude a ter uma boa consciência e eu esteja sempre atento ao alerta de Paulo:
"O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo". 2 Coríntios 11:3
Fonte: Facebook do Eliel Batista
https://www.facebook.com/100000810203448/posts/2988050021231975/
Na minha infância aprendi no ambiente religioso que pastor era um tipo de "entidade divina" com acessos privilegiados ao Trono de Deus.
Que discordar do pastor seria duvidar do próprio Deus e isso simplesmente revela a incredulidade de quem perde a possibilidade de salvação.
Que pastor congrega em si profeta, mestre, santo, sacerdote conhecimento celestial e poder espiritual acima de todos.
Que é papel da igreja "defender" o evangelho e para isso é preciso que o pastor se associe aos poderes políticos e também se oponha às outras expressões religiosas, mesmo cristãs. Os evangelistas eram conhecidos como "quebra-santo".
Que a igreja não pode admitir discordâncias de suas doutrinas.
Jamais alguém deve ousar usar de sua capacidade intelectual de forma autônoma, fora do esquema adotado por ela.
Quem quiser ser reconhecido deve se restringir a repetir sempre as mesmas coisas sem reflexão. Ser inteligente nesse ambiente se reduz exclusivamente a usar "Ctrl C" e "Ctrl V" doutrinário.
Um pastor me aconselhou:
O clero sabia que eu tinha um chamado, mas deveria mudar meu espírito porque não era o mesmo do presidente da igreja, ao que atrevida e ironicamente perguntei:
"mas ele não tem mais o Espírito de Cristo? Porque eu sei qual Espírito habita em mim".
Ele sorriu sem graça.
Com isso, vinham as acusações do clero e dos aspirantes ao comando eclesiástico, de que eu era arrogante e a única coisa que queria era o poder, por isso me comportava diferente deles. Acho que esses, no fundo, queriam ser de outro modo, mas internamente lidavam com muitos conflitos.
Mas graças a Deus convivi com um homem que despretensiosamente pregava o evangelho e pastoreava por vocação, mesmo sem ter o cargo. Por onde ia levava Jesus.
Sem cobiça vivia pelo que acreditava: servir a Deus de verdade é servir o povo e realizar obras para o povo, que é onde Deus está sempre agindo. Que sensibilidade espiritual é medida pelo valor que se dá a uma vida.
Com ele, meu pai, aprendi na prática que alguns acham que podem ser "profetas" e sacerdotes e usam dessa função como forma de poder, para controle e para a fama, mas que o Espírito de Deus está agindo lá onde esses não estão e, se alguém quiser experimentar a ação do Espírito, precisa descer a escadaria da vaidade e abandonar a cadeira luciferiana do poder.
Assisti o filme "Dois Papas", não é spoiler porque está no trailer. Bento XVI diz para o Bergoglio:
"a maneira como você vive é uma crítica. Seu sapato é uma crítica".
Nessa hora, soltei uma gargalhada e meu coração se enterneceu pela lembrança:
meu pai em vez de estar na roda do clero, tomando chimarrão no estacionamento do "Templo Central", estava na periferia visitando enfermos.
Também me lembrei do comportamento acusatório do clero contra quem, como eu, tem a vocação, mas pensa diferente do status quo.
Aquela cadeira pastoral que aprendi na tradição da igreja está vazia, abandonei há muitos anos.
Prefiro ficar sem essa cadeira, às vezes até sem "lugar". Prefiro me "sentar no chão" e por vezes ouvir uma exclamação assustada: "você é pastor?".
Podem até dizer que é inocência ou idiotice, mas para infortúnio desses que pensam assim, eu acredito no que vi na vida de um homem simples, mais do que na prática da tradição denominacional.
O que vi na vida de meu pai produziu bons frutos que podem ser encontrados até hoje, por outro lado não é o que tenho visto nas estruturas eclesiásticas perversas que se arrastam pelo tempo.
Amo a igreja e sei da sua real necessidade na sociedade.
Trabalho para que por meio dela se manifeste a luz do Reino de Deus, mas reconheço que há muito desvio e peço a Deus que me ajude a ter uma boa consciência e eu esteja sempre atento ao alerta de Paulo:
"O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo". 2 Coríntios 11:3
Fonte: Facebook do Eliel Batista
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