No
final da década de 90 já ouvíamos falar de grandes avanços na comunicação
virtual. Aos poucos e sempre crescente, as notícias dos telejornais aguçavam a
nossa curiosidade sobre aparelhos que estavam sendo desenvolvidos para
interligar as pessoas do mundo inteiro em tempo real. Seria possível se
conectar com alguém do outro lado do planeta em tempo real, assim como
acompanhar fatos no instante em que acontecia independente de onde acontecesse.
Tudo
parecia um sonho, a comunicação globalizada iria dar um upgrade no conceito de comunicação. O mundo estaria mais unido,
conectados por modernos aparelhos e Redes Sociais que seriam uma Torre de Babel às avessas.
Os
aparelhos chegaram (mais rápido do que eu imaginava), as Redes Sociais também
chegaram e continuam chegando, mas a esperada socialização como fruto de tudo
isso não chegou, ao contrário, a comunicação que existia não encontrou mais
lugar em meio a tanta modernidade.
Agora
percebemos que as pessoas se comunicavam mais, percebemos que os poucos amigos
que tínhamos eram de fato amigos, enquanto não sabemos quem são os milhares de
“amigos” virtuais.
Hoje
procuramos desesperadamente atingir a marca dos cinco mil amigos no perfil do
Facebook para sentirmos aquela sensação de popularidade quando alguém não mais
conseguir ser adicionado à nossa página, pois atingimos a marca máxima. Somos o
máximo, yeah! No entanto, pessoas com
cinco mil amigos estão enclausurados no seu quarto sozinhas com seu aparelho
eletrônico.
No ponto
do ônibus ninguém se cumprimente, no recreio quatro ou cinco conhecidos fitam
seus celulares, não há diálogo.
Em
casa a família que jura que é unida está separada. Cada um na sua rede.
Famosos
perderam seus fãs e ganharam muitos críticos. Tudo o que eles fazem ou dizem
tem que ser aprovado pelos internautas.
Ir à
igreja tornou-se irrelevante, pois podem compartilhar algum versículo ou expor
uma foto sensual com a legenda: “O Senhor
é meu pastor” ou “enquanto deus [sic]
for meu chão ninguém me derruba” e, pronto. Tem ainda os que
vão, mas lá não resistem a tentação de dar uma olhadinha no zap ou Insta, vai que Deus também tá conectado e fala por
lá.
Não
sou avesso a Redes sociais. Preciso, uso e gosto. Mas é preciso usar na dose
certa, aí sim, elas farão o papel para o qual foram desempenhadas. Pois da
forma que as utilizam hoje, já podem mudar o termo para Redes [des]sociais.
Roberto
Celestino é professor de Letras-Língua Portuguesa e poeta cordelista membro da
ACLC- Academia Caruaruense de Literatura de Cordel
Infelizmente é isso que presenciamos no nosso dia a dia. Belo texto, poeta Roberto Celestino..
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