Você já fez essa pergunta? Essa talvez não é uma pergunta
que ronde sua cabeça, ou melhor, talvez até ela surja em determinados momentos,
mas, a resposta para ela talvez seja um pouco difícil de encontrar, pois, não é
algo tão simples quanto parece.
E, só para colocar mais “fogo na lenha” eu vou te fazer
outra pergunta: Você faria o seu trabalho sem receber nenhum centavo? Pronto,
agora complicou de vez. Sabe porque, nós vivemos em mundo capitalista, regido
pelas leis de mercado, oferta e demanda, trocas pecuniárias nas relações,
relações baseadas no que eu posso ganhar, e tudo mais que as relações
comerciais oferecem. Isto não seria diferente nas relações de trabalho,
trabalha-se para receber algo em troca, oferece-se ao patrão sua força de
trabalho, e, em contrapartida no final do mês recebe o seu salário.
Mas, e se não houvesse pagamento, você seria capaz de fazer
a mesma coisa? Que pergunta! Como sobreviver? como pagar suas contas? como
manter a escola dos seus filhos? É, talvez teríamos muitas outras réplicas como
estas.
Na verdade, não quero falar sobre trabalho escravo, mas,
sobre o propósito no trabalho. Isso mesmo, propósito. E, o que isso tem a ver
com fazer aquilo que você faz sem receber nenhum centavo? Tudo.
Propósito é o que dá sentido. Propósito é a essência do que
se faz. Propósito é o autoconhecimento do que se é, do que se faz, e pra quem
faz. Propósito é a convicção de resposta para perguntas como: “o que estou
fazendo aqui”, “para que estou aqui”. Portanto, o trabalho não deveria ser
encarado apenas como uma obrigação diária e distorcida, distante daquilo que se
vive. O trabalho não é algo desvinculado do ser e existir aqui na terra. O
trabalho não é algo que se faz apenas pela relação comercial.
No trabalho o ser humano também se realiza, no trabalho o
ser humano também cumpre o propósito para o qual foi criado. No trabalho o
homem encontra sua essência e assim sentido para sua vida. Por isso, é tão
importante responder a segunda pergunta do início desse texto, você faria
aquilo que faz mesmo que não recebesse nenhum centavo? A resposta a essa pergunta identifica se
você está no lugar que deveria estar.
E qual é o que lugar? O lugar que você deve estar é aquele
onde não se encontra apenas uma compensação comercial pelo trabalho laboral
oferecido, mas, aquele onde você seria capaz de fazê-lo mesmo sem receber nada
em troca, mesmo sem receber um elogio, mesmo sem receber um centavo. Sabe
porque, nesse lugar, o dinheiro não exerce seu reinado como regente da sua
vida, mas o desejo de fazer, de oferecer, de servir, de se entregar, sabendo
que aquele trabalho de renova, te dá vida, de faz alegre, te faz vivo, te
apresenta esperança.
Quando encontramos o propósito no trabalho, a compensação
pecuniária torna-se apenas um adendo aos frutos e resultados intangíveis
obtidos pelo senso de convicção de estar no lugar onde se deveria estar. Viver
com propósito no trabalho, na vida profissional, mostra que os fins nem sempre
justificam os meios, que o alto salário nem sempre justifica o sacrifício da
família, que ócio muitas vezes é muito mais criativo que a hiperatividade, que
a paz não se encontra nas férias, mas no dia-a-dia com Deus em cada atividade
laboral, em cada esforço, em cada sacrifício pelo outro, em cada momento de
cuidado do outro.
Estêvão Soares é bacharel em Administração de Empresas. Escreve
em ConTexto aos sábados.
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