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O Sepultamento de Cristo (Caravaggio) |
Pensar na história é, de certa forma, um exercício
autobiográfico. Os fatos construtores de uma sociedade relacionam-se com a
perspectiva que temos de nós mesmos. Não estamos onde estamos por acaso, nem o
mundo começou hoje. Embora essas observações possam parecer, para alguns,
óbvias ou até pueris, tornam-se fundamentais para a contemporaneidade. Afinal
de contas, uma das características da pós-modernidade é a ausência de percepção
do tempo como linear e progressivo, mas fragmentado. Com isso, muitas pessoas
agem e vivem como se todo o arcabouço da história da humanidade pudesse ser
lançado no lixo, enquanto o que vale é somente o “agora”.
Dito isto, é possível adentrar no assunto-chave deste texto,
o qual é a importância de Jesus para a civilização ocidental. O ensaístas e
historiador J. C. Guimarães pontua: “Jesus está imbricado até o cerne na
própria noção de civilização e compreensão de mundo da sociedade ocidental, o
que apenas confirma que ninguém influenciou tanto, direta e indiretamente, os
destinos individuais e coletivos da humanidade”. Até a contagem do tempo em
“antes” e “depois” de Cristo assinala sua importância. Querendo ou não,
crentes, céticos e ateus situam-se no tempo tendo como referência o nascimento
do Carpinteiro de Nazaré.
Do ponto de vista histórico, a existência de Jesus é
apresentada para além dos relatos dos Evangelhos, nos trabalhos do historiador
judeu Flavio Josefo e em fontes romanas como de Tácito e Suetônio. Convém salientar,
contudo, que os textos bíblicos são considerados fontes confiáveis por
autoridades como o príncipe dos arqueólogos do século 20, William Foxwell
Albright.
Observada a realidade do Jesus histórico, convém pontuar a
compreensão de Jesus Cristo como Deus. Ao contrário do que afirmam alguns
críticos, o entendimento da Divindade não nasceu tardiamente no Concílio de
Nicéia, mas consiste na essência da Igreja cristã. Ele mesmo roga para si este
reconhecimento, o que fez Chesterton afirmar que por causa disso Jesus seria um
lunático ou, de fato, Deus. Descartando a hipótese de loucura no Nazareno, o
escritor inglês declara que há, em Jesus, simultaneamente, uma marca humana e
outra sobre-humana. “Sócrates, o mais sábio dos homens, sabe que não sabe nada.
Um lunático pode considerar-se a própria onisciência, e um tolo pode falar como
se fosse onisciente. Mas Cristo é onisciente em outro sentido: ele não apenas
sabe, mas sabe que sabe”, compara Chesterton.
É graças à influência de Jesus Cristo que temos obras como a
cantata ‘Jesus Alegria dos Homens’, de Johann Sebastian Bach, livros como
‘Paraíso Perdido’, de John Milton, ou telas de Caravaggio, Michelangelo e
DaVinci, só para citar alguns exemplos. Até mesmo poemas do anticristão
Algernon Charles Swinburne só foram compostos por causa das palavras de Jesus
Cristo.
Nos últimos tempos, vê-se severas afrontas aos pilares da
sociedade ocidental. É bem verdade que essa “guerra” não é atual, desenrola-se
de forma mais contundente desde o século XIX e, nos últimos anos, tem atingido
proporções incalculáveis.
No livro ‘A Invasão Vertical dos Bárbaros’, publicado
originalmente em 1967, o filósofo Mário Ferreira dos Santos denuncia o
solapamento dos fundamentos da cultura ocidental através de sutis e ativos
elementos corruptores. Entre os elementos apresentados, está a valorização de
tudo quanto em nós firme a animalidade, caracterizada entre outros fatores pela
exploração sobre a sensualidade e desprezo à inteligência. Com isso, a visão de
mundo das pessoas não fica apenas míope, mas ciclópica, e as argumentações se
limitam à mera repetições de chavões.
Diante do cenário atual, a maior expressão de coragem é
defender as bases de nossa civilização para garantir nosso ciclo cultural,
enfrentar os bárbaros destruidores da cultura, fortalecendo tudo o quanto temos
de positivo e impedindo o desenvolvimento do negativo. E a matéria-prima para
esta luta deve ser o amor por tudo o que foi construído até agora tendo como
alicerce a pessoa e a mensagem do Senhor Jesus.
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